Entre a universidade e o campo de trabalho, apesar das influências
recíprocas é sempre louvável a tentativa de unir esses dois extremos do abismo.
E é o que tenta Manuel Carlos Chaparro em ‘Pragmática do jornalismo’ (R$ 40,90[1];
156 páginas, Summus editorial, 2007) um teórico pós-doutorado, e professor da
Escola de Comunicações e Artes(ECA) da Universidade de São Paulo, e que
importante ressaltar ganhou nada mais que quatro vezes o prêmio Esso em sua
carreira de jornalista.
Assim o autor busca através de exemplos práticos da rotina do
jornalismo, sua conceituação dentro da pragmática. E para isso defende Chaparro
que o “modelo pragmático no jornalismo descritivo da ação jornalística não é um
cadeado racionalista, são processos construídos pelo confronto, pela operação.
O jornalismo e o jornalista interagem num cenário de obrigações e direitos
regulados pelas leis e costumes.”.
Nota-se que o professor publica para estudantes de jornalismo, em prol
de uma melhor cobertura e conseqüência de um melhor exercício da atividade. E
por isso, o autor busca conceituar vários elementos da atividade jornalística
desde a pragmática, o interesse, e os elementos que faz um fato virar notícia
como atualidade, curiosidade, proeminência.
Um ponto positivo é que os leitores (o qual geralmente é formando em
jornalismo), não apenas ficam restritos as conceituações realizadas pelo
professor, mas abre sua visão de mundo através das digressões realizadas por
Chaparro ao longo da obra, como por exemplo, a análise sobre a discussão de
“poder” na sociedade utilizando como base teórica os textos de Focault. E com
destaque a discussão sobre os manuais de jornalismo da Folha de São Paulo e do
Estado de São Paulo, em oposição ao manual de redação do jornal espanhol El
País.
Porém a grande falha do livro, é que muitas vezes ‘Pragmática do
jornalismo’ soa como uma tese acadêmica, até com conceitos que não ficam muito
claros na obra como o principal deles a pragmática. Portanto a obra distancia
dos estudantes, e dos curiosos leitores que buscam entender melhor o mundo do
jornalismo.
Um outro problema, é que Chaparro não especifica quais notícias foram
observadas na redação, ou seja, utiliza vários exemplos de cobertura ao longo
da obra, mas fora do primeiro capítulo, não sabemos quais foram pesquisadas
pelo método apresentado na primeira parte do livro. E isto é grave, já que
implicitamente o autor demonstra uma sutil manobra do Estadão e da Folha contra
a então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PT).
E por esta sutil demonstração que torna o livro interessante, e
obrigatório pra todos que buscam abrir seu campo de visão no jornalismo. A
obra, apesar do seu tom acadêmico continua atual por causa dos incessantes
interesses que movem o jornalismo e os bastidores da notícia, o que o próprio
Chaparro diz no prefácio. Mas a maior virtude do teórico é demonstrar que o
jornalismo deve racionalizar suas ações, para que a sociedade não seja privada
de seu direito principal, o direito a informação.
[1] Disponivel em : <http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?isbn=9788532303271&sid=00182524213525772239971553> Acesso em25/05/2011
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