sábado, 16 de junho de 2012

Pragmática em Jornalismo


Entre a universidade e o campo de trabalho, apesar das influências recíprocas é sempre louvável a tentativa de unir esses dois extremos do abismo. E é o que tenta Manuel Carlos Chaparro em ‘Pragmática do jornalismo’ (R$ 40,90[1]; 156 páginas, Summus editorial, 2007) um teórico pós-doutorado, e professor da Escola de Comunicações e Artes(ECA) da Universidade de São Paulo, e que importante ressaltar ganhou nada mais que quatro vezes o prêmio Esso em sua carreira de jornalista.
Assim o autor busca através de exemplos práticos da rotina do jornalismo, sua conceituação dentro da pragmática. E para isso defende Chaparro que o “modelo pragmático no jornalismo descritivo da ação jornalística não é um cadeado racionalista, são processos construídos pelo confronto, pela operação. O jornalismo e o jornalista interagem num cenário de obrigações e direitos regulados pelas leis e costumes.”.
Nota-se que o professor publica para estudantes de jornalismo, em prol de uma melhor cobertura e conseqüência de um melhor exercício da atividade. E por isso, o autor busca conceituar vários elementos da atividade jornalística desde a pragmática, o interesse, e os elementos que faz um fato virar notícia como atualidade, curiosidade, proeminência.
Um ponto positivo é que os leitores (o qual geralmente é formando em jornalismo), não apenas ficam restritos as conceituações realizadas pelo professor, mas abre sua visão de mundo através das digressões realizadas por Chaparro ao longo da obra, como por exemplo, a análise sobre a discussão de “poder” na sociedade utilizando como base teórica os textos de Focault. E com destaque a discussão sobre os manuais de jornalismo da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo, em oposição ao manual de redação do jornal espanhol El País.
Porém a grande falha do livro, é que muitas vezes ‘Pragmática do jornalismo’ soa como uma tese acadêmica, até com conceitos que não ficam muito claros na obra como o principal deles a pragmática. Portanto a obra distancia dos estudantes, e dos curiosos leitores que buscam entender melhor o mundo do jornalismo.
Um outro problema, é que Chaparro não especifica quais notícias foram observadas na redação, ou seja, utiliza vários exemplos de cobertura ao longo da obra, mas fora do primeiro capítulo, não sabemos quais foram pesquisadas pelo método apresentado na primeira parte do livro. E isto é grave, já que implicitamente o autor demonstra uma sutil manobra do Estadão e da Folha contra a então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PT).
E por esta sutil demonstração que torna o livro interessante, e obrigatório pra todos que buscam abrir seu campo de visão no jornalismo. A obra, apesar do seu tom acadêmico continua atual por causa dos incessantes interesses que movem o jornalismo e os bastidores da notícia, o que o próprio Chaparro diz no prefácio. Mas a maior virtude do teórico é demonstrar que o jornalismo deve racionalizar suas ações, para que a sociedade não seja privada de seu direito principal, o direito a informação.


[1]  Disponivel em : <http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?isbn=9788532303271&sid=00182524213525772239971553>  Acesso em25/05/2011

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