Direção e Roteiro: Wagner
de Assis
Elenco: Rosanne
Mulholland(Eloísa), Paulo
Goulart(Genésio), Othon
Bastos(Governador), Fernando
Alves Pinto(Lísias), Renato
Prieto (André Luiz)
Fotografia : Ueli Steigner
Trilha Sonora : Philip Glass
Assim, André Luiz nos narra que depois de abusar
nos vícios do álcool e do cigarro morre, e posteriormente vai parar numa zona
transitória, o ‘umbral’, uma espécie de purgatório. E depois de se arrepender é resgatado pelo simpático
Lísias (Fernando Alves Pinto) e pelo ministro Clarêncio (Clemente Viscaíno),
que o levam para uma cidade espiritual chamada Nosso Lar. E nesta nova realidade André Luis terá que se
adaptar e aprender a valorizar o trabalho incessante para evolução. Este labor
na construção de um novo ser que Wagner de Assis tentou mostrar durante toda a
projeção, e a qual é explícita na frase de Tobias (Rodrigo dos Santos) “ao
trabalho sempre ao trabalho”.
E para mostrar esta evolução, o diretor apresenta
transições inteligentes que mostram as alterações do “estado” de espírito de
André Luiz. Como por exemplo, àquela cena onde a fumaça do cigarro uni a cena
do bar com a do umbral, ou no final quando o médico volta a sua casa e se
transfigura na zona purgatorial depois de descobrir a situação de seus
familiares. Mas apesar disso, na direção Wagner de Assis apresenta – se
bastante burocrático, não ousando muito nos planos e ainda nos apresenta muitos
establinsh shot( plano que mostra local do acontecimento) o que cansa o
expectador que é apresentado aos mesmos locais sucessivamente, como por exemplo
a casa de Laura (Ana Rosa), que é mostrada quase três vezes seguidas em apenas
uma sequência
Aliás establinsh shot é um vicio dos produtores
oriundos da central Globo de produção, como Assis e outro famoso diretor,
Daniel Filho. No entanto vale ressaltar
que é normal e saudável em alguns momentos o establinsh shot, já que queremos
ver os detalhes desta cidade espiritual, que põe a prova a eficácia da empresa
canadense Inteligent Creatures famosa por ter criado o universo de ‘Wachmen’, e
que tem a responsabilidade de construir Nosso Lar. E nesse quesito os efeitos
visuais se destacam, veja, por exemplo, a imponência do palácio do governador,
do ministério da comunicação, e da palestra da ministra Veneranda que nos
parece bem palpável neste universo onde a engenharia e o magnetismo se
dialogam. A direção de arte cria ‘Nosso
Lar’, de uma forma que mais parece uma Brasília high tech, mas o que é
justificado na fala bem –humorada de Lísias que diz que em breve reencarnariam
espíritos com essa tecnologia para construir a capital tupiniquim
Mas o grande problema da obra reside na
narração, que funciona bem em apenas dois momentos: Na oração do governador, e
quando os ministros Emmanuel (Wenner Shunemann) e Clarêncio discutem o livro
que André acabara de escrever. No entanto a narração dá um tom de pregação para
o filme, o explica demais e que o deixa cansativo. Portanto o formato do livro,
que foi transferido para o cinema não funcionou. As cenas do umbral foram as
mais afetadas, pois se por exemplo, o cross – over humaniza o Capitão
Nascimento em ‘Tropa de Elite’, em ‘Nosso Lar’ a narração tira toda a tensão do
umbral, e por isso os espectadores nunca entram na história. O público apenas
contempla ‘Nosso Lar’ sem realmente acreditar nas dificuldades do protagonista.
O
estreante no cinema Renato Prieto incumbido de viver o médico faz uma
interpretação segura, apesar de ficar muito preso ao roteiro. Os atores globais
Paulo Goulart, Ana Rosa e Wener Shunemann fazem boas e simpáticas participações.
E Fernando Pinto consegue construir o tom bem humorado de Lísias, presente no
livro.
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